Da senzala à colônia

Historiadora desvenda os traços constitutivos da nacionalidade brasileira

Partindo de um exaustivo rastreio de fontes primárias, Emília Viotti da Costa analisa a particularidade do período colonial

Neste livro fundamental, a autora demonstra que a abolição dos escravos no Brasil representou apenas uma etapa na liquidação da estrutura colonial, mas golpeou duramente a velha classe senhorial e coroou um processo de transformações que se estendeu por toda a primeira metade do século XIX. Tal processo prenunciava a transição da sociedade senhorial para a empresarial, do trabalho escravo para o assalariado, da monarquia para a República.

A obra reconstitui a estrutura social e econômica daquele período, durante o qual emergiu uma nova classe dirigente, ainda predominantemente agrária, que assumiu a liderança com a proclamação da República, regime que servia melhor a seus anseios de autonomia. Essa nova oligarquia, mais dinâmica, também se posicionou com firmeza, ao lado de setores sociais e políticos de espectro amplo, pelo fim do regime escravocrata, defendido àquela altura basicamente apenas pelos setores agrários mais atrasados e ineficientes.

De forma pioneira à época em que conclui o estudo, em 1964, Viotti demonstra que a expansão da cultura do café, a partir do fim da primeira metade do século XIX, contribuiu em grande medida para o prolongamento do tráfico e do regime escravocrata. E que sua decadência, do mesmo modo, esteve intimamente relacionada aos estertores da escravidão no Brasil.

Até a publicação desta obra, a maior parte dos estudos considerava a abolição como fruto, exclusivamente, dos movimentos abolicionistas, atribuindo importância vital à atuação do imperador D. Pedro II e da princesa Isabel e à legislação emancipadora editada sob seus governos, sem, no entanto, relacioná-la às demandas sociais e econômicas então em curso.

Esse tipo de abordagem deixava sem respostas questões fundamentais, que a historiadora elucida neste livro: por exemplo, que razões levaram um parlamento que representava proprietários e negociantes de escravos a aprovar uma legislação emancipadora? Por que os senhores de escravos não se armaram para defender sua propriedade, como ocorreu no sul dos Estados Unidos?

Sobre a autora – Emília Viotti da Costa, formada pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, foi livre-docente pela mesma Universidade. Aposentada em 1969 pelo AI-5, lecionou em várias universidades dos Estados Unidos, entre as quais a Tulane University e a University of Illinois. Foi Full Professor na Yale University de 1973 a 1999. É autora de Da Monarquia à República; A Abolição; 1932: interpretações contraditóriasCoroas de glória, lágrimas de sangue; Rebelião dos escravos de Demerara em 1823; O Supremo Tribunal Federal e a Construção da Cidadania, além de vários artigo sem revistas especializadas. Dirigiu a coleção Revoluções do Século 20, da Editora Unesp.

Título: Da Senzala à Colônia
Autora: Emília Viotti da Costa
Número de páginas: 560
Formato: 14 x 21 cm
ISBN: 9788539300334

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